cinzeiro...

Então, depois de algum tempo, eu voltei a ativa.
Não como queriam
E sim, sendo eu mesmo
já sem medo de dizer o que penso
Aind'assim, tenso
Contraindo
a boca como o arco
prestes a disparar blasfêmias

talvez um pouco áspero, mas sincero
um copo grande de vinho e um cinzeiro cheio
O maço vazio e o cheiro
que talvez sintam da minha boca... Meu jeito
não mudou nem por aquela moça
Não-fumante
declarou não gostar nem um pouco
um beijo oco...
Vazio...
tragando minha fé, como um buraco negro
redemoinho...

tentando não lembrar, a raiva ainda vem:
'Esse beijo, que lembra banana verde'
garganta seca e olhos molhados...
Mais um chute na minha história foi colecionado....

uma semana já se havia passado

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ciclo

Dão 15 tiros em um koala,
Em uma creche, fazem sessões de surra
Drogas tem um espaço maior do que a educação
escondem mais um corpo de prostituta

matam o amigo e a mulher grávida por ciúmes
isso está virando uma coisa normal.
e estupram e matam uma menina de nove anos...
Eles acham que criança tem que gostar de pau

O grito no apartamento ao lado é de uma criança
É o padastro quem está enrabando
O desespero de uma mãe e a dor da filha
com certeza ficarão por todos seus anos

Pedófilos, assassinos e assaltantes
começam a reclamar os seus direitos
Corruptos e até analfabetos genocidas
sabem qual o valor de cada peito

com a bala cravada, a cirurgia será difícil
salário baixo e uma farda manchada com o dever
A honra sofre uma inversão de valores
e a vítima é quem não tem mais nenhum direito

Então é só mais uma família
que vai entrar no ciclo do espancamento
Desestruturação emocional
mais uma caçula estuprada e muito medo

Só que eu sei que eles não se preocupam
Vivem de aparência, desfilando com seus importados
O silêncio pelo medo continua pairando nos olhos
ninguém sabe de nada e quem sabe fica calado


Sobre o Koala, acredite, ele está melhor
do que a menina que foi enrabada pelo pai
por que, hoje ela completaria vinte e nove
mas, foi encontrada no quarto

Treze caixas de calmante.
vômitos na cama e lágrimas nos olhos
A lembrança deve ter sido torturante
mas fez uma lisongeira  analogia aos homens

Senti muito sua perda,
falava que não conseguiria mais lutar contra sua dor
mas mesmo assim, falava muito de seu ex namorado
e que com ele, a adorava fazer amor

E como gesto de amizade, não sei direito
as palavras dela me acertaram como um direto
'Como está o riso vivo que ele sempre tem?
eu gostaria de vê-lo rindo de novo'

'Meu amigo poeta se tivesse me visto,
se eu não o tivesse excluido de perto
Eu continuaria no mundo dos vivos
e ele ainda colocaria alegria em meu peito'

Mal sabe ela que isso já faz cinco anos
e há tempos eu já não sei o que é rir
Perdão, amiga de tantas guerras e alegrias
perdão por não ter capacidade de manter você aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário